segunda-feira, 10 de maio de 2010

José em pessoa

Antonio Villeroy já se chamou Totonho – e, em breve, poderá ganhar um novo codinome. José é o título do CD que o cantor e compositor apresentou em primeira mão aos gaúchos, no Theatro São Pedro.

José é fiel a algumas das principais diretrizes que orientaram as três décadas de trajetória de Villeroy – o cuidado com harmonias e melodias, a atenção às influências da bossa e do tango, o leve toque regional aqui e ali, os versos pessoais e metafóricos. Lançado pela gravadora Biscoito Fino, o álbum traz uma releitura ousada de Felicidade (de Lupicinio Rodrigues) e reúne convidados de luxo, como o violoncelista Jaques Morelenbaum, o violinista Nicolas Krassik e as cantoras Maria Gadú (em Recomeço) e Teresa Cristina (em A Flor que eu te Dei). A parceira Ana Carolina, que fez sucesso gravando canções assinadas por Villeroy – como Garganta e Que Se Danem os Nós –, aparece discretamente nos vocais de apoio de Ouro.

– Muita gente me viu associado à Ana, ela gravou 25 músicas minhas. Agora procurei me afastar um pouco. Tive que fazer uma reacomodação do meu personagem – diz, rindo, o cantor, por telefone, do Rio. – O compositor às vezes passa por ghost writer, o nome está no disco para quem quiser ler.

A ação nos bastidores, por sinal, é uma das explicações do título José – uma associação com o personagem José Costa, também um ghost writer, no livro Budapeste, de Chico Buarque.

– José pode ser um personagem de cada uma das músicas. Pode ser o José do Drummond, o José bíblico ou o ghost writer do Budapeste. E José Antonio é meu nome, é o meu ghost writer – brinca Villeroy.

LUÍS BISSIGO (Zero Hora)