terça-feira, 25 de maio de 2010

Antonio Villeroy vai do samba à milonga

Gaúcho, de São Gabriel, no interior do estado, mais conhecido por alguns dos sucessos que emplacou na última década na garganta de Ana Carolina, Antonio Villeroy mostra em seu novo disco, "José" (Biscoito Fino), que é daqueles (bons) compositores de difícil classificação. Sim, há no repertório - todo dele, com a exceção de uma versão intimista de "Felicidade", de seu conterrâneo Lupicínio Rodrigues - uma ou outra balada pop mais derramada, incluindo "Aqui", esta em parceria com a sua principal intérprete, mas sambas com um pé na sutileza da bossa nova respondem por quase metade do disco. Na outra parte, ele ainda transita com segurança por milonga, tango e canção pop.

O samba "Recomeço", no qual o compositor tem como convidada a cantora Maria Gadú, oferece um bom exemplo do talento de Villeroy. Com levada bossa-novista e belo arranjo de sopros (assinado pelo saxofonista e flautista Eduardo Neves), ele consegue soar original num campo mais que batido. O mesmo acontece em outro samba, "A flor que eu te dei", com participação da cantora Teresa Cristina e do gaitista Gabriel Grossi, em outro forte arranjo de sopros que traz ecos do samba-jazz.
Essa veia do samba se dá bem com o sotaque mais sulista, fronteiriço de Villeroy, que assume suas raízes em "El guión" (parceria com o jazzman americano Don Grusin e com outro compositor gaúcho, Bebeto Alves), uma milonga com letra em espanhol.

Arranjos e o ótimo time de instrumentistas que se alternaram no estúdio - incluindo ainda Jaques Morelenbaum (violoncelo), Nicolas Krassik (violino), Torcuato Mariano (guitarra e coprodução), Paulo Braga (bateria) e David Feldman (piano) - mostram que não existem fronteiras para a música de José Antonio Franco Villeroy.


Por Antônio Carlos Miguel