O samba "Recomeço", no qual o compositor tem como convidada a cantora Maria Gadú, oferece um bom exemplo do talento de Villeroy. Com levada bossa-novista e belo arranjo de sopros (assinado pelo saxofonista e flautista Eduardo Neves), ele consegue soar original num campo mais que batido. O mesmo acontece em outro samba, "A flor que eu te dei", com participação da cantora Teresa Cristina e do gaitista Gabriel Grossi, em outro forte arranjo de sopros que traz ecos do samba-jazz.
Essa veia do samba se dá bem com o sotaque mais sulista, fronteiriço de Villeroy, que assume suas raízes em "El guión" (parceria com o jazzman americano Don Grusin e com outro compositor gaúcho, Bebeto Alves), uma milonga com letra em espanhol.
Arranjos e o ótimo time de instrumentistas que se alternaram no estúdio - incluindo ainda Jaques Morelenbaum (violoncelo), Nicolas Krassik (violino), Torcuato Mariano (guitarra e coprodução), Paulo Braga (bateria) e David Feldman (piano) - mostram que não existem fronteiras para a música de José Antonio Franco Villeroy.
Por Antônio Carlos Miguel