sábado, 22 de maio de 2010

Simplesmente José

Com o disco novo praticamente pronto - exceto certa esperada parceria da qual sairia o título - Antonio Villeroy chegou à conclusão de que irira batizá-lo com o prórpio nome, JOSÉ.
Para isso, só flatava o principal: compor a faixa para contar a história. "Na verdade a canção foi feita depois que o cd estava pronto", revela o cantor e compositor gaúcho.

Como intérprete, Villeroy vem sendo objeto de aposta de algumas emissoras de rádio com a clássica Felicidade, do conterrâneo Lupicínio Rodrigues. A canção está no álbum em que ele assina, sozinho, oito das 12 faixas, incluindo a bônus, Gramado Suplementar.

Entre as canções que Villeroy acredita ter maior potencial radiofônico estão Recomeço e Um e dois, também de lavra própria. "Ambas estão dento do espírito da arte final do disco", justifica o cantor, compositor de grande sucessos da mineira Ana Carolina. Os dois se tornaram parceiros em Belo Horizonte ne época em que ela fazia shows na noite.

Além de ganhar o nome de batismo de José Antonio Villeroy, o discoé uma referência ao ídolo Carlos Drummond de Andrade, presença marcante na formação do compositor. "E agora você/ Sua tribo cadê/  Onde vai seu amor/ O seu tempo chegou/ Você tem a palavra/ E o que pensa em dizer/ Agora é você", dizem os versos de E agora você? canção síntese assumidamente inspirada no poeta mineiro.

"A humanidade está exatamente na linha do poema da Drummond: José é o homem comum, pode ser tanto o personagem bíblico como o José ghost writer, o José milionário, o José operário ou o José que está na Internet escondido atrás de um codinome. Enfim, esse José é o cara que está na praia, olhando para o mar, esperando ver gaivotas e encontra umas garrafas pet boiando na água. E agora, José? E agora, você? Que atitude nós temos de tomar?”, afirma o cantor. De acordo com ele, o fio condutor do álbum acaba na pergunta-chave, passando por várias inquietações e maneiras de ver o amor e os relacionamentos. “Há um José que perpassa todo o disco”, resume.

COPA

Depois de Porto Alegre, onde estreou o show de lançamento de José, Antonio Villeroy se prepara para levá-lo ao Teatro Rival, no Rio de Janeiro, em 2 de junho. Estão previstos eventos promocionais em lojas até a Copa do Mundo, quando o mercado musical interromperá as atividades. “Depois da Copa, vamos continuar com apresentações no Recife, em Salvador, Vitória e em Belo Horizonte também”, lista. O cantor vem do bem-sucedido Sinal dos tempos, em que interpreta sucessos que ganharam o Brasil, divulgados principalmente por cantoras. Por ter sido o primeiro disco dele com boa distribuição, a cargo da Warner Music, o anterior, lançado no fim de 2006, não lhe trouxe maiores exigências. “A responsabilidade é inerente ao que faço. Ou seja, temos de andar para a frente, temos de ir melhorando. Acho que consegui isso em José, na elaboração da própria composição. Acho que consegui dar um passo à frente ao me tornar mais rigoroso e, dentro desse rigor, ser um pouco mais econômico. Obtive um resultado na relação da forma e do conteúdo, da melodia com a letra”, discursa Villeroy.

O gaúcho está consciente de ter superado trabalhos anteriores, o que se nota, principalmente, em canções como Recomeço e Um e dois, que ele julga sintetizar o avanço de sua linguagem. Isso acabou se refletindo na concepção do disco como um todo. “Acabou ficando um CD mais econômico nos arranjos”, acredita, lembrando que, antes de iniciar o trabalho, estava fazendo o show Além de paraíso, de sonoridade mais pop – com direito a acordeom, guitarra, violão e cavaquinho, com uma parte dedicada ao samba. “Era show para
dançar”, explica. O movimento, observa, seria lançado pela série Cantautor, que ele criou no próprio selo. No entanto, a convite da Biscoito Fino, Villeroy acabou levando José para a gravadora independente carioca.

PERTO DAS NOVIDADES


A jovem cantora Maria Gadú faz participação especial em José, CD de Antonio Villeroy. Promotor de já famoso sarau mensal em sua casa, no Rio de Janeiro, onde trava contatos com artistas, Antonio Villeroy mantém, em seu novo disco, a proximidade com jovens intérpretes. Convidou, por exemplo, a novata Maria Gadú para dividir com ele Recomeço.

"Comecei a compor pensando no disco dela, mas ao mesmo tempo a música falava de uma situação minha. Portanto, enquanto não resolvi a minha situação, não acabei a música. Quando finalmente ficou pronta, o disco dela já estava na rua", revela. “Mas achei que seria justiça trazê-la para cantar comigo em meu disco”, acrescenta.

Teresa Cristina, cujo crescimento como cantora ele diz estar acompanhando, divide com Villeroy o samba-canção A flor que eu te dei, que conta com a participação do gaitista Gabriel Grossi. Já a parceira mais constante, Ana Carolina, comparece discretamente, fazendo efeitos de voz e vocais em Ouro, a densa faixa que abre o disco. produzido em parceria com Torcuato Mariano, José conta com uma milonga no repertório. Verdade seja dita, em leitura que foge propositalmente à origem gaúcha do autor.

Ailton Maggiole - Estado de Minas